A dignificação do Pelourinho de Aguda está dificil

 

Num tempo em que se propagandeia tudo não há quase nada que não seja motivo para que se faça festa. As inaugurações são com gastos para o erário público, muita das vezes, uma manifestação propagandística que se vem a revelar não ter qualquer utilidade prática a não ser a de associar o nome de alguém a determinada acção como se fossem eles os doadores de tal dádiva e não os dinheiros públicos pagos por todos nós.

Assistiu-se, hoje, a uma inaudita e insólita “inauguração”. A mudança, de alguns metros, de um Pelourinho de um local para outro.  Assim e sem que houvesse o cuidado de se proceder à requalificação adequada do espaço, de procurar responder às necessidades públicas de segurança e de dignificação e preservação do património classificado e sem cuidar de fazer obra que nos enriqueça turística e culturalmente.

O que aconteceu foi  um acto propagandístico nada dignificante e que basicamente deixa tudo na mesma, no que toca ao essencial. Um acto que responde ao propagandear é preciso e ao inaugurar é necessário mesmo que se chegue ao ridículo de se inaugurar uma “obra” inacabada. Quiçá a pensar-se já numa reinauguração mais próxima de um acto eleitoral. Já vimos que tudo é possível.

Isto só acontece para distrair do que é verdadeiramente importante para as pessoas do nosso concelho e que não há: instalação de empresas, mais emprego, mais e melhores cuidados de saúde, mais e melhor qualidade de vida.

Ao longo dos últimos anos tenho alertado e defendido, por diversas vezes, a dignificação do Pelourinho de Aguda. Pode ver-se dois exemplos   AQUI   e   AQUI

A mudança do Pelourinho, a fazer-se,  deveria ser sustentada numa lógica de intervenção em torno de duas referências estruturais: identidade e território.

A identidade, porque deveria procurar a valorização e a dignificação da memória de uma comunidade, sem qualquer tipo de preconceito quanto à sua anterior função/uso.

De território, porque deveria alargar o seu novo contexto ao espaço geográfico da Freguesia de Aguda, sem deixar de contextualizar essa localização no Concelho de Figueiró dos Vinhos e no património classificado da região.

Em suma, a mudança de lugar do Pelourinho não deveria ter sido só uma mudança de alguns metros. Assim e sem mais. Essa oportunidade deveria ter sido valorizada associando-lhe a requalificação, com a necessária protecção, do espaço onde esta inserido e incorporando-lhe, igualmente, o património imaterial e a dimensão humana que está, naturalmente, relacionada com ele e com a sua função histórica.

Infelizmente é o que temos.

 

 

 

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